Furtos, precificação incorreta, consumo de produtos no interior da loja e sem pagamento, itens com data de validade vencida e danos ao manipular mercadorias são alguns exemplos de perdas mais comuns a que qualquer varejista está sujeito.
Segundo informa o presidente da Associação Brasileira de Prevenção de Perdas (Abrappe), Carlos Eduardo Santos, o índice médio do varejo nacional representa 1,21%, o que corresponde a R$ 24,08 bilhões onde existem diversas oportunidades para os varejistas reduzirem as perdas. “Olhando especificamente para o varejo farmacêutico, o setor perdeu 0,89% do faturamento líquido sendo 0,28% de perdas não identificadas (furto externo e furtos interno) e 0,61% de quebras operacionais (validade e avarias), no último ano. O principal ‘Calcanhar de Aquiles’ dos varejistas de farmácias ainda está relacionado a quebras operacionais (validade e avarias)”, diz.
O executivo faz ainda uma observação importante: “Para pequenos varejistas farmacêuticos, as perdas podem chegar a mais de 5% do faturamento.”
O presidente do Instituto Brasileiro de Executivos de Varejo & Mercado de Consumo (IBEVAR), Prof. Dr. Claudio Felisoni de Angelo, diz que o conceito de perdas no varejo é bastante amplo. Entretanto, pode-se delimitar ao campo das operações. “O varejo de bens é um operador logístico, isto é, liga a indústria com o mercado consumidor. Nesta perspectiva, define-se perdas como a diferença entre o total comprado e a soma dos itens vendidos mais os mantidos em estoques.”
O conselheiro da Abrappe, Rodrigo Canal, pontua que com a concorrência cada vez mais acirrada, margens de lucro apertadas e clientes não tão fiéis a marcas e empresas o controle e a prevenção das perdas é a diferença entre a lucratividade versus prejuízo, gerando vantagem competitiva. Entre os principais impactos no negócio, ele destaca:
- Alto índice de perdas;
- Falta de produtos para venda;
- Perda de clientes;
- Queda nas vendas e na margem de lucro;
- Tomar empréstimo em bancos;
- Despendido desnecessário de fluxo de caixa;
- Prejuízos e possível falência do negócio.
Para Santos, o principal objetivo da prevenção de perdas é proteger e maximizar o lucro das empresas. Ele complementa dizendo que os tipos mais comuns de perdas no varejo farmacêutico e a sua distribuição são:
- Quebras operacionais*: 58,07%
- Furtos externos: 17%
- Erros de inventário: 8,39%
- Furtos internos: 7,53%
- Erros administrativos: 4,66%
- Fraudes internas**: 2,48%
- Fraudes externas***: 0,93%
- Erros de cadastros: 0,93%
“No caso do varejo farmacêutico, as duas rubricas que se destacam: as quebras operacionais, ou seja, produtos vencidos e os furtos realizados por clientes. Nesta última categoria, destacam-se os itens relacionados à higiene e cuidados pessoais”, pontua Felisoni, do IBEVAR.
De acordo com o fundador e CEO da Gmartins Consultoria e Treinamento, Gean Martins, o varejo farmacêutico brasileiro persiste com grandes desafios que se acentuam com as incertezas e as questões críticas na cadeia de abastecimento. O reflexo se dá com variações significativas na disponibilidade de produtos, aumento do dólar nos ativos, acarretando variações constantes nos preços. “Além desses fatores externos ainda existem os fatores internos que impactam diretamente o negócio como furtos, falta de precificação e/ou precificação incorreta sem a devida pesquisa de mercado, falta de inventário regular, produtos impróprios para comercialização, mix inadequado para o público da loja entre outros fatores que prejudicam diretamente o negócio e a rentabilidade.”
Felisoni, do IBEVAR, lembra que qualquer operação, independentemente de ser ligada ou não ao segmento farmacêutico, pode reduzir suas perdas por meio dos seguintes procedimentos:
- Avaliação recorrente dos estoques;
- Treinamento do funcionário;
- Implementação de políticas de remuneração atreladas à redução das perdas;
- Utiização de tecnologias apropriadas.
Dicas para evitar as perdas no pequeno varejo
- Pedidos de compra;
- Recebimento de mercadorias;
- Armazenamento;
- Sala de vendas;
- Bateria de caixa.
- Ter um controle formal das perdas;
- Revisão do cadastro de produtos;
- Fazer inventários constantes (medição);
- Ter uma boa acuracidade dos estoques (físico X sistema);
- Analisar o giro e excesso dos produtos;
- Diminuir os erros nos pedidos de compras;
- Relatório de rupturas operacional e ruptura comercial;
- Organizar os estoques e a loja por PVPS – primeiro que vence X primeiro que sai;
- Treinar os funcionários (engajamento);
- Indicadores, objetivos e metas de perdas por loja;
- Reuniões de resultados para as lojas;
- Plano de ação (muito importante em caso de não atingimento das metas).
- Procure fazer uma boa análise de mix versus o público/cliente da sua região. Hoje o mercado farmacêutico dispõe de muitas informações detalhadas para essa atividade. Dados de mercado, ferramentas de mapeamento de área com informações do consumidor, suporte do distribuidor parceiro;
- Estabeleça uma rotina de pesquisa de preços em sua região e crie um processo simples de atualização e comunicação, pois a devida comunicação do preço é superimportante;
- Procure parceiros que não pensem somente na venda, mas principalmente no pós-vendas para dar o devido respaldo na questão de produtos impróprios para venda;
- Inclua em sua programação operacional inventários regulares para maior controle de furtos e perdas;
- Estreitar o relacionamento com o parceiro da distribuição para previsão de abastecimento mitigando as rupturas da loja.
Fontes: presidente da Associação Brasileira de Prevenção de Perdas (Abrappe), Carlos Eduardo Santos; e o fundador e CEO da Gmartins Consultoria e Treinamento, Gean Martins